JARDIM VERTICAL
Nos dias atuais, principalmente pela limitação de espaços, os jardins verticais se tornaram os queridinhos do paisagismo.
Dando a possibilidade de ter um jardim atĆ© Ć queles que moram em pequenos apartamentos ou casas sem qualquer espaƧo para quintal, os jardins suspensos tĆŖm conquistado um lugar fixo nos planejamentos paisagĆsticos. Mesmo quando hĆ” locais para plantio diretamente no chĆ£o, ou em vasos comuns, os jardins acabam tendo um lugarzinho especial para vasos na parede que preenchem o ambiente e variam sua composição em texturas, cores e estilos.
A partir da nossa experiĆŖncia elaboramos um pequeno manual de como planejar seu jardim vertical e ter sucesso no seu cultivo frisando os principais pontos e dificuldades dessa tarefa.
ESCOLHENDO O ESPAĆO
Podemos adaptar jardins para diversos fins e variados tipos de plantas, porĆ©m o mĆnimo que se exige Ć© luz natural, recebendo o sol de forma direta ou indiretamente (desde sombra total a sol pleno). Sem luz as plantas nĆ£o irĆ£o sobreviver durante muito tempo, perdendo a beleza e as funƧƵes que planejamos inicialmente.
Além de luz é fundamental que haja ventilação natural. Todas as plantas fazem trocas gasosas em seus processos naturais, o que exige ar puro constante não sendo suficiente apenas uma janela aberta esporadicamente por exemplo.
Sempre observe o sol no local, se o mesmo toca a parede ou muro onde você irÔ inserir seu jardim vertical. A quantidade de horas de sol recebida irÔ determinar o grupo de plantas a serem escolhidas nesse planejamento. Lembrando que o sol muda sua posição drasticamente durante o outono/inverno e primavera/verão, incidindo também nessa observação antes de qualquer implantação de jardim.
Se não houver um investimento em sistemas de irrigação eficientes, vale ressaltar que a Ôgua dos vasos irÔ escorrer pelos fundos atingindo o chão. Nesse caso faça essa anÔlise antes de escolher locais que o farão se arrepender de sujar ou receber essa umidade.
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ESCOLHENDO O FUNDO
O jardim vertical pode ser feito diretamente nas paredes ou muros, sem necessariamente haver um fundo nesta composição. Neste caso os vasos deverão ser fixados com segurança através de parafusos e buchas, considerando que mesmo que sejam de material leve receberão peso significativo ao adicionarmos a terra e as plantas.
As treliƧas de madeira se destacam no paisagismo de jardins verticais. Podem passar um ar rĆŗstico ou atĆ© requintado dependendo do acabamento, se encaixando em quase todos os ambientes. O cuidado principal Ć© manter a madeira tratada com vernizes especĆficos, devendo receber uma nova demĆ£o pelo menos uma vez por ano.
Os paletes tambĆ©m ganharam seu lugar nesta decoração, podendo ser desmontados e remontados de acordo com o espaƧo disponĆvel para esse planejamento. O tratamento anual tambĆ©m se faz fundamental evitando que a madeira apodreƧa ao receber sol e umidade por parte da chuva, ou da rega constante das plantinhas.
Também podemos usar treliças de outros materiais, como o PVC. Esse material acaba sendo bastante resistente aos intempéries e evita a necessidade de tratamentos periódicos.
Neste quesito o que não pode faltar é criatividade, podendo ser usados até mesmo estrados de cama antigos, cruzetas, eucaliptos e madeiras reaproveitadas! Lembrando que tudo deverÔ ser devidamente fixado para receber o peso dos vasos que virão na sequência da implantação.
ESCOLHENDO OS VASOS
Os vasos de plÔstico, justamente por seu baixo custo, são bastante usados nos jardins verticais. A desvantagem é que alguns plÔsticos, quando não originados de fabricantes de qualidade, acabam perdendo a cor com o passar do tempo ou até mesmo rachando sua estrutura ao ter contato com o sol. A vantagem, além da leveza e facilidade no manuseio, é o fato de serem encontrados em cores vivas e chamativas transformando facilmente o jardim suspenso em um ambiente alegre e acolhedor. Mesmo leves também devem ser fixados de forma segura, afinal seu peso serÔ somado a terra e as plantas escolhidas. Um detalhe importante é furar os vasos, caso esses jÔ não venham com furos, proporcionando a drenagem que as plantas precisam para sobreviver.
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A fibra de coco é bastante utilizada, uma vez que também proporcionam a leveza como os vasos de plÔstico. Têm uma boa drenagem, em sua maioria, e apesar de se assemelharem esteticamente aos tradicionais (e proibidos) xaxins, não possuem as mesmas propriedades podendo causar uma decepção àqueles que os compram com essa expectativa. A vantagem é passar um ar rústico ao resultado final, que fica bastante interessante, jÔ a desvantagem é o fato de cederem sua estrutura com o tempo. JÔ observamos que algumas peças, justamente por serem fixados com produtos naturais para não prejudicar as plantas, acabam perdendo formatos ou soltando algumas partes após alguns meses de uso.
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Vasos em cerĆ¢mica (barro) natural geram resultados lindos, proporcionando uma estĆ©tica mais rĆŗstica ao resultado final. Normalmente jĆ” vem furados e tem linhas especiais para as orquĆdeas (estes sĆ£o compostos por furos atĆ© mesmo em suas laterais gerando uma drenagem excelente aos cultivadores dessa famĆlia). Esse material exigirĆ” mais regas pois o barro natural suga a umidade da terra a mantendo mais seca, o que Ć© excelente para plantas que nĆ£o apreciam muita Ć”gua (como suculentas, cactos e orquĆdeas), sendo uma desvantagem para Ć quelas que apreciam. Um ponto importante Ć© que ao receber umidade constante o barro pode ficar com alguns musgos encrustados, o que pode ser algo positivo ou negativo variando com o gosto pessoal de cada cuidador.
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Os vasos de cerâmica (barro) também podem ser encontrados impermeabilizados e pintados em diversas cores (neutras ou chamativas). Os valores são muito variados pois cada fabricante trabalha com um acabamento diferente ou textura que valoriza e difere significativamente as peças. Pelo fato de haver uma impermeabilização não haverÔ o problema da necessidade de mais regas, afinal a cerâmica não sugarÔ a umidade da terra. Seria a opção mais versÔtil, podendo ir do rústico ao requintado facilmente através das pinturas, texturas e cores oferecidas.
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Vasos de parede em polietileno tĆŖm conquistado um espaƧo cada vez mais significativo nos jardins verticais. TĆ£o leves quanto os vasos de plĆ”stico, e tĆ£o cheios de textura como os vasos de cerĆ¢mica, tĆŖm a incrĆvel vantagem da resistĆŖncia: nĆ£o quebram, nĆ£o trincam ao sol e nĆ£o perdem a cor, tendo uma durabilidade imbatĆvel. A Ćŗnica desvantagem seria o valor, porĆ©m se compensa ao percebermos que o produto serĆ” comprado uma Ćŗnica vez, dificilmente serĆ” necessĆ”rio uma reposição por estragos. Essa linha normalmente vem sem furos, sendo fundamental que os faƧa antes de fazer qualquer plantio.
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As jardineiras sĆ£o legais para jardins verticais, sendo aconselhadas em plĆ”stico, pois jardineiras de cimento tĆŖm um peso bastante excessivo sendo necessĆ”rio fixar com mĆ£o francesa ou outros recursos para dar maior sustentação Ć s peƧas. As jardineiras de plĆ”stico tĆŖm suportes de parede especĆficos para elas, se limitando ao tamanho mĆ”ximo de 50 cm. As peƧas a partir de 60 cm jĆ” excedem o peso aconselhado, fazendo com que os fabricantes de suportes nĆ£o os faƧam nessas medidas, afinal nĆ£o poderĆ£o garantir a durabilidade do design.
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ESCOLHENDO AS PLANTAS
Um dos objetivos dos jardins verticais Ć© a criação de hortas suspensas que nos permitem colher nosso alimento em casa. Criamos um guia especial especĆfico para esse fim: COMO CULTIVAR ERVAS E TEMPEROS.
Nesse caso o cultivo irĆ” exigir sol (mĆ©dia de 4 horas diĆ”rias) e regas constantes (sempre no perĆodo da manhĆ£). Sem sol as mudas nĆ£o ficarĆ£o fortalecidas, havendo estiolamento (distĆ¢ncia de uma folha a outra maior que o natural) e propensĆ£o a aquisição de doenƧas como fungos por exemplo.
Em alguns casos, para aumentar a diversidade de tipos de ervas e temperos, os cuidadores colocam mais de uma espécie de planta no mesmo vaso (ou jardineira). Inicialmente pode funcionar, porém esse grupo tem uma grande tendência a se espalhar fazendo com que haja uma competição de espaço e energia, onde um deles irÔ sobressair e o outro definhar. Para evitar manutenções constantes sempre aconselhamos que cada vaso (ou jardineira) receba uma espécie apenas, assim a mesma poderÔ se espalhar e usufruir de toda a energia local a vontade!
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Os jardins verticais com folhagens pendentes são muito usados, onde estas acabam praticamente fechando os espaços por completo, incluindo o vaso em que estão inseridas. Em boa parte dos casos essas folhagens são de sombra total, tendo como exemplos bem comuns as samambaias, os lambaris de sombra, as peperÓmias, os ripsales, os tostões, os dinheiros em pensa, véus de noiva e as variadas columeias. A maior parte das folhagens não possuem floração ornamental, então acabam sendo apreciadas justamente por suas cores e texturas de acordo com os contrastes proporcionados pelas disposições dos vasos.
As flores, pendentes ou nĆ£o, dependerĆ£o em sua grande maioria de contato direto com o sol. Temos pouquĆssimas espĆ©cies que florescem na sombra total, limitando bastante as opƧƵes de escolha. Neste caso sempre que escolher plantas florĆferas analise se haverĆ” sol o suficiente para suprir sua expectativa das flores. Todas as plantas, folhagens ornamentais ou temperos, exigirĆ£o fertilizaƧƵes e regas constantes, afinal os espaƧos sĆ£o limitados e dependerĆ£o dos nossos cuidados, porĆ©m as flores tĆŖm uma exigĆŖncia maior em relação a essa dedicação pelo fato de gastarem mais energia para produzir suas florescĆŖncias.
DICAS E CUIDADOS
REGA
Considerando que o espaƧo das mudas Ć© bastante limitado em vasos de parede ou jardineiras, serĆ” fundamental que os cuidadores do jardim vertical tenha disponibilidade para regĆ”-lo diariamente ou em dias alternados (dependendo das espĆ©cies escolhidas). SĆ£o poucos grupos de plantas, como suculentas e cactos por exemplo, que se limitarĆ£o a regas semanais, ou seja, a grande maioria irĆ” depender significativamente da umidade fornecida pelo cultivador. Ervas, temperos e hortaliƧas por exemplo, que exigirĆ£o o mĆnimo de 3 a 4 horas de sol, necessitarĆ£o de regas diĆ”rias ou atĆ© 2 regas ao dia.
Todas as regas, sem exceção, devem ser feitas no perĆodo da manhĆ£. As raĆzes das plantas absorvem Ć”gua apenas entre 10h00 e 14h00, o que nĆ£o proporciona um ambiente saudĆ”vel se forem regadas ao final do dia ou a noite (nesses momentos as raĆzes estarĆ£o fazendo outras funƧƵes onde a umidade irĆ” atrapalhar e atĆ© propiciar doenƧas, como os fungos por exemplo).
Como hÔ épocas em que o solo demora mais para secar, como o outono/inverno do Sudeste, aconselhamos que sempre toque a terra antes de regar novamente. Ao tocÔ-la irÔ perceber se estÔ seca, podendo receber aquela rega, ou úmida, exigindo uma espera maior para adicionarmos Ôgua. Todo solo deve secar antes de receber a próxima rega, assim proporcionamos um ambiente saudÔvel para as plantas cultivadas (com exceção de plantas destinadas exclusivamente a ambientes úmidos ou encharcados).
A drenagem Ć© fundamental, ou seja, todos os vasos ou jardineiras deverĆ£o conter furos, assim evitamos o encharcamento constante que causa podridĆ£o das raĆzes.
Plantas que estão com excesso de Ôgua normalmente começam a apresentar folhas amareladas nos dando um sinal de que precisa de mais intervalos entre as regas. Quando apresentam folhas retorcidas ou murchas significa que precisam de mais umidade, devendo receber regas mais constantes ou em maior quantidade. Para saber mais sobre os sinais que as folhas nos dão CLIQUE AQUI.
Ć possĆvel usarmos recursos que diminuem a rega em atĆ© 50%. Trata-se de um pozinho branco chamado āhidrogelā. Este pozinho deve ser diluĆdo em Ć”gua, o qual se transformarĆ” em um gel dentro de 10 minutos. Este gel pode ser adicionado no fundo dos vasos o que ajuda a conservar a umidade no local, fazendo com que as plantas tenham menos dependĆŖncia da nossa rega constante. HĆ” disponĆveis para compra os condicionadores de solo, que se tratam de terras para plantio jĆ” preparadas com a adição do hidrogel.
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FERTILIZAĆĆES
A adição de nutrientes na terra onde as plantas estĆ£o inseridas Ć© muito importante. Lembre-se sempre que ali as plantas nĆ£o tĆŖm muito espaƧo e nĆ£o podem buscar energia de forma autĆ“noma, se tornando dependentes do nosso cuidado periódico. Nesse caso precisamos adicionar frequentemente adubos (como estercos devidamente curtidos e hĆŗmus de minhoca) e/ou fertilizantes minerais (sendo encontrados para fins especĆficos como folhagens e flores, alĆ©m de frequĆŖncias de uso variadas).
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ESPAĆO LIMITADO
Lembrando que hÔ uma limitação drÔstica de desenvolvimento das plantas em um espaço pequeno como vasos de parede e jardineiras, nesse caso aconselhamos (além da adição de nutrientes e rega) a inserção de um tipo de planta por recipiente.
Considerando que hÔ uma competição natural das plantas em busca de espaço e energia, ao inserirmos mais de uma espécie em um mesmo vaso essas irão competir entre elas, nos dando mais necessidade de manutenções constantes para contê-las.